Tão vaga estou
Que sou vaga até de moto
Foi o que me restou
Guardar todo aquele remorso
Que carregava o senhor.
Estou tão vaga na vida
Que sou parte da barriga
A que sempre está vazia
Mesmo quando cheia está
Não tem nada, nem comida
Para a fome matar.
Sou vaga na poesia
Uma vaga de ciclista
Que pedala durante o dia
E na noite adormecida
Pedala para esquecer tal vista.
Sou a bruxa de todos os contos
A que ninguém amou
Sou vaga no abandono
Apenas uma folha intacta e sem dono
Que a vida rasurou..!
Que a vida rasurou..!
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