segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Esta primavera


- Ali! - gritei aos montes
Mas só um pássaro branco ouviu
Estava voando além do horizonte
Num rumo que não mais se viu.

Pluma pura, pássaro tão encantador
Pousou tuas asas a proteger-me num segundo
Há quem diria que era abraço de amor
Mas era saudade o nome deste mundo.

- Ali perto! Lá longe! 
Mal o reconheci
Passaram-se dias, passara o ano
Em primavera veio me reflorir.

- Lá longe! Ali perto! 
Cantavas tu sem eu saber
Falava sobre todos os passarinhos espertos
Mas garça, a primavera quem fez foi você.

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Plebeia


Os olhos cheios de certezas
Brilhavam ao piscar
Tamanho era sua beleza
Castanhos falavam ao olhar.

Os lábios escondido por trás do batom vermelho
Tão escuros e delicados
Falavam sobre tudo sem ter medo
Expressando os muitos que deixam tudo calado.

Haveria beleza onde passasse
Plebeia estava em um caminho
Perto o bastante para que te admirasse
Um lindo passar de passarinho.

Plebeia fugiste depois do tempo
Num ônibus perdido entrou
Foi-se para o castelo de teus alentos
O teu interior que a tudo encantou. 

domingo, 21 de setembro de 2014

Água Santa


Grande ardor lhe perfura a garganta
Como o licor o amargo fogaréu
Transparente, há quem diga ser água santa
Amaldiçoado serão teus filhos que bebem aquele fel.

Um copo atrás do outro
Os lábios secos e queimados
Já maltratados pelo santo louco
E enfermo que toma-lhe os passos.

Cai em sono profundo, desmaiado
A cura lhe encobre o peito anestesiado
Bebe para esquecer da vida, o fracasso
Foge sem saída um tanto arruinado.

Roubaste a alegria de tua face
Tão jovem ao sol brincava
Tão velho tornou o esmalte
De teus cabelos pratas que a escuridão iluminava.

Creio tão esquecido, esqueceste desde já
Será que bebe por amor?
Esquece essa água que finge ser santa e venha cá
Me abraçar enquanto pode me ter com o senhor... 

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Últimas palavras


Tão escasso de palavras
Andando sem rumo por ai,
Poesias que não mais se declara
Versos que não quer mais surgir.

Gritos em rimas não saem mais
Ecoam mudo por todos os lugares meus
Sem estrofes não encontro minha paz
Com essas últimas palavras recito adeus.

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Jardim do amor


Haveria eu, mil canções pra você dentro de mim
Floresta floririam com teu nome
A tela seria teu sorriso pintando o jardim
Seria eu um fruto para lhe tirar a fome.

Haveria no meu canto
Flores se abrindo pra você
Tela esculpindo num quadro branco
Eu pintaria teus sonhos para vê-los crescer.

Havia no cantar
A cor da bela flor
O aroma viria nos banhar
No jardim do nosso amor.

Meu paraíso


Andei naquela grama
O paraíso abstrato
A relva era minha cama
E o meu mundo, um quarto quadrado.

Ali todos os ventos percorriam
Eu sentia o frio em minha pele
Congelava os ossos em túmulo vazio
Coração de pedra, lápide que não mais escreve.

Não havia céu, nem mais estrelas
Os passarinhos já não mais cantava
As dores acumuladas doíam-me a tela
De uma árvore com raízes já cortadas.

Minha terra estava sendo queimada
Meu paraíso com fogo, acabou!
Não existe mais água, nem mesmo uma lágrima
Pois meu ser já as derramou.

Que nada...


Nós erramos por tempo indeterminado
Todo o tempo que "vivemos"
Nós amamos sempre nos momentos errados
E fazemos sofrer quem mais queremos por perto
Choramos sem lágrimas para absorver todo o amargo
Da dor ao peito sobre um nada que está acontecendo.
Que nada grande! Que nada forte!
Gritou tudo aos montes de papel que rabiscou
Que nada é aquele? O nada é o tudo
Mas nada é, pois ninguém o mencionou.

O nó


Me perdi no teu juízo
Num alivio de me ter tão só.
E naquele puro sorriso
Sem distância mil a cores que já sei de cor.
Teus olhos castanhos feliz o infinito brilho
Tão cálido e esquivo das estrelas que sumiram como pó.
Se foi para o rio!
O mar que assume impurezas de uma margem as imagens transparentes, que dó!
Se fechou doentio, os lábios que falavam do laço que agora é um nó.

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

A falta dela


Meus gritos ecoam por toda parte
Mas ninguém consegue escutá-los
Pois fechei meu coração com grades
Tão pesadas que está difícil de libertá-lo.

Como um quarto tão silencioso consegue tanto falar?
E no papel tudo some.
Como uma cabeça tão vazia, gera infinitas coisas para pensar?
E ao falar, já não é como antes.

Perguntas surgem a todo o momento
Os porquês da vida de saudade
A falta de um inesquecível sentimento
Que senti quando estava ao lado de minha metade.

Cores? Tudo está tão escuro
Pinto para esquecer aquarela
Músicas? Nada mais escuto
Canto para tentar não sofrer pela falta dela.

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Letras


As letras me descrevem
Caprichosas são tristes
Pois nos momentos ruins acreditamos em coisas belas.
Garranchos são alegres
Que passam para o papel 
A euforia de que escreve.

Poço dos segredos


Sou um poço de segredos
Um poço eu não sou
Se poço fosse eu realizaria desejos
Mas só sei desejar o que me encantou.

Dos segredos, sou revelação
Segredos que ninguém acreditou
Revela o que diz o coração
Nada com sentido para aquele que nunca se apaixonou.

Um poço seco
Cheio de máculas
A água transborda-lhe ao peito.

Segredos revelados
Tão escondido atrás de lágrimas
Que os mantêm sempre de lado.

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Ondas do meu mar


Ondas tão castanhas...
Eram barros
Eram lamas
Mas eram tão claros
Movimentavam-se as ondas
Sem espumas ou na margem molhados
Eram ondas castanhas
Tão cheirosas...
Voavam elas a brincar
Voavam elas com a maresia, embora
Não eram ondas do mar
Eram ondas tão cuidadosas
Tão finas continuavam a voar
Nos cabelos de uma moça formosa
Dançavam os fios, fingindo que eram as ondas do meu mar.

O tempo de saudades


Quanto tempo foi o tempo que te esperei?
Abriguei saudades infinitas, saudades que para ti guardei
Quanto tempo, num momento em teu abraço eu me afoguei?
E a sua pele quente, saudade ardente que te entreguei.
Quanto tempo, aconteceu tudo num tempo certo?
Curto, errado e duvidoso
Parte hoje para o outro lado
Saudades leva do tempo que havia teus lábios em meu pescoço.
Quanto tempo curto! Tempo já sem tempo.
Havia de entregar saudades num canto profundo?
Entregar as máculas do pensamento?
Para que o amor sobreviva nesse escrito confuso...
Quanto tempo havia de ser lembrado
Tão longe estava tu, em outro estado
Saudades que eu mesma esqueci
Hoje sinto-a tão grande somente por ti
Porque todo tempo do mundo tem tempo
Hoje o tempo é saudade
Ontem foi teus beijos no silêncio
Amanhã será o nosso amor caminhando para a felicidade,
De para sempre ter ambas por perto!