domingo, 29 de novembro de 2020

Falar de azul



Falar de azul é como falar de elogio
É falar também de saudade
É falar sobre calor ou frio
Do oceano e suas margens

Falar de azul é falar sobre primavera
Ou sobre o inverno cinzento
No azul eu me esqueci em rima
E quando me lembrei já era um poema em andamento

Falar de azul é falar sobre asas
Sobre pássaros, sobre flores
É lembrar de algumas aguas
E se deixar, morrer de amores

Nunca me canso de falar de azul
Há quem diz ser apenas uma cor
Mas azul é vida, é alma é história tão longe a olho nu
Que me contei e de azul na caneta estou a compor.

Cinco Dedos


São apenas cinco dedos
Cinco dedos de uma mão, nostálgicos
E querem delicadamente tocar-lhe a pele.
Transformam-se em cinco medos diferentes, em tempos sombrios e antipático.
Que querem apenas acariciar-lhe a tez
De cinco diferentes jeitos
Querendo sentir o teu calor exagerado, dramático
Que de mim tanto se repele
E distancia-se em cinco meios
Donde o olhar que espia, permanece vazio intacto
E o piscar do olhar, toca-lhe o corpo de saudade que me adoece.

sábado, 14 de março de 2020

Te Rever


Aquele olhar carregava mil poesias 
Se alastrava e sorria 
Fazendo todo o gelo de meu coração se derreter. 

Era Brincadeira, Não diga! 
Mas seus olhos sorriam 
Sorriam como os lábios faziam ao se render. 

E admirada, eu observava 
Sua delicadeza, sua essência, sua calma ]
Me apaixonando novamente por tudo que há em você! 

E enquanto eu observava 
Seus olhos sorriam, quase gargalhavam 
E eu queria que soubesse, que eu amei te rever!

Deixei de ser poeta


Deixei de ser poeta
Quando a poesia me entristeceu
Vaguei sublimemente nas palavras desertas
De um vasto areal num almaço que se perdeu.

Deixei de ser poeta
Quando a poesia me fez refém
De um passado, passado, alastrado, julgado em cela
Mas morto por ela, à ela não convém.

Deixei de ser poeta
Quando a poesia me julgou
Caracterizou todo o meu ser em sorriso, guizos e festas
Romantizando pra ela, momentos abomináveis que se passou.

Deixei de ser poeta
Quando a saudade bateu
Mas as rimas não vieram, não nasceram, se esqueceram das arestas
De palavras que se encolheram, esconderam no almaço, apedrejadas, e morreu! 

A noite não te amar


A noite caiu insonia de luar
Tremendo com medo de teu escuro a lhe abominar
Mas haviam vaga lumes entre nuvens a recitar
Cirandas, sinfonias e estrelas a bailar
Era noite de lua sabe-se-lá.
Mas era noite, da noite insone e triste a recitar
Então se choravas rimas
Como poderia falar?
Falava, se embola, se retraia...
Até culpada se declarar.
E na noite insone, caiu estrelas
Tornou-se tremedeiras a palpitar
E ela, moça, coruja, chorava entre terra
Por não sentir-se livre para voar
Chorava em tons anis, céus a madrugar
Chorava escondida por não mais pertencer aos céus a se estrelar.
E então, se amargurava pela noite não mais te amar.

Tampa de Cerveja


Contei mil segredos a uma tampa vermelha de cerveja
Na mesa careira de madeira num bar.
Na noite de música fresca
Chorava por não saber amar.

Rodopiava com o dedo, a tampa vermelha
Como meu quadril fazia ao dançar
Mas a discussão na mesa de madeira
Impactava como a tampa caída no chão a se enterrar.

Finalmente queria entender aonde a gente se perdeu...
Havia sido no chão enquanto ouvia aquela musica que dancei?
Como uma tampa da cerveja vermelha que ardeu
A garganta, num beijo retrogrado e vicioso que arfei.

O olhar de ódio e desgosto que feriam como ferro
Fundido, transformado, lacrado na cerveja o sabor
Do beijo, esmaltado, carente sedento por afeto.
Salvou a tampa, mas não salvou o amor.